domingo, 5 de fevereiro de 2012

Versos de Amor e Morte

Ontem eu morri,
Morri e esqueci de deitar,
Morri e esqueci de partir,
Morri e esqueceram de chorar,
Morri e não me despedi.


Ontem eu morri,
Morri e esqueci que não posso mais lamentar,
Morri e esqueci que um dia vivi,
Morri e insisto em caminhar,
Morri e ninguém pode ver,
Morri e ninguém quies saber.


Ontem eu morri,
Morri e ainda não posso crer,
Morri, mas ainda dói a saudade que senti,
Morri e ela nao podê perceber,
Morri por não ter mais forças para mim mesmo mesntir.


Ontem eu morri,
Morri e a autópsia nada pode acusar,
Morri porque nunca aprendi a fugir,
Morri talvez porque sem ela não poderia seguir,
Morri e a causa clara se revelou
Na falta de paz nos olhos que teimaram em não fechar.
Morri depois que ela deixou de me amar.


- Merlin

Na Vitrola: Depois do Fim - Leoni

Lua de Prata

Lua de Prata,
Estou triste
Tenho tristeza em mim,
Tenho saudade dos dias verdes e alegres.

Escrevo deitada, largada
Em um quarto solitário,
Cuja única alegria
É quando penso em você.

Conforme os dias passam
Minha única amiga, a Esperança,
Distancia-se cada vez mais
Causando-me ainda mais lamento.
Tenho apenas tristeza.
Vejo as paredes ocas do meu coração,
Cheias de poeira.

Gosto da alegria, mas nunca a encontrei.
Ela fugiu do meu lado,
Do meu céu estrelado
Iluminado da felicidade que já não existe.

Temo não poder mais escrever,
Pois sinto,
Sinto que morro de tristeza.

- Merlin

Meu Grito Mudo

O amor se cala, grita abafado incessantemente no peito fechado. Eu não sei mais o que sinto, desde que essa saudade com nome próprio tomou-me pela mão e fez-se meu chão. Ando por vielas sem casas a procura daquela que jamais se foi, sempre que quero e mesmo quando não quero, sua imagem surge reluzente diante do negro dos meus olhos.
Como poderia eu praticar verdadeiro ato de loucura e ao menos tentar esquecê-la? Tamanha ingenuidade a dela quando diz que nossas vidas podem seguir separadas, deixo-a iludir-se e deitou-me com a ilusão de tê-la em meus braços.
Movimento-me pela cidade, caminho lado a lado com amigos verdadeiros, vejo belas moças, mas já entendi que nada será capaz de apagar a marca da tua face tatuada em mim. E como poderia eu admirar a vista paradisíaca do pôr-do-sol no arpoador sem que meu coração me brinde com a lembrança inebriante dos seus olhos fitando os meus? Ela é parte atuante dos meus primeiros pensamentos, dos meus pensamentos mais sinceros e simples, dos meus últimos pensamentos.
Tudo e quaisquer coisas a trazem a mim, por que a minha essência embaralhou-se a dela no momento que ouvi a sua voz e meu coração saltou. Amei-a antes de vislumbrar-me com sua face, e depois que a vi me senti protegida e acalentada em seus braços, como nunca antes, como jamais depois.
Todas as vezes que ela insiste nessa ideia maldita de partir, leva mais um pedaço de mim. Sinto o dia em que não restará um só grão, sobrará apenas o meu único e verdadeiro amor.
Eu não existo sem ela e digo isso porque mesmo sem o presente da sua presença, sem a sua voz acariciando meus ouvidos, sem o seu cheiro impregnado na minha pele, sem seu amor junto ao meu, mesmo assim, ela sempre estará atada a mim. E digo mais, ainda que eu pudesse atear fogo em nossas fotografias, esquecer as minhas e as suas palavras e destruir as infinitas lembranças, ainda assim pensaria nela antes que meus olhos pudessem despertar. Ainda hoje meus pensamentos são mais dela do que meus.
Eu queria poder fugir, queria ter forças para me esconder atrás do meu amor, mas nós sabemos que eu jamais poderia. Eu tenho vontade de gritar o meu amor até que todos saibam. Entendi que não se trata de uma escolha entre razão e emoção, já que no fim ela sempre será a única e constante opção do meu coração.

- Merlin

Na Vitrola: Amor é pra quem Ama - Lenine

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Uma História que Não Pode ser Contada

    Hoje ouvi sua voz no telefone, ela tocava alto nos meus ouvidos e baixinho no meu coração. Tudo parecia uma só melodia, a música não existia, entretanto eu dançava escondida pelas ruas do Centro, tendo como par essa tal alegria fria que você me cria. Sim, essa tal alegria que contamina tudo quando o vento me joga dentro de uma lembrança sua.
    Por alguns momentos me esqueci de tudo que se passou e ainda se passa, me senti perto de ti. Me esqueci dessa saudade insaciável e que ainda dou meus primeiros passos nessa vida tão sem graça, tão sem você. Escuto você falar de tudo um pouco e é verdade, nada mudou. Ainda me interesso por tudo que venha e represente você. Nossas últimas conversas não tem fim, cada palavra pronunciada é encharcada de saudade e de um amor que não tem nome e duas donas.
Ainda assim, sinto o cheiro de medo no ar e creio que ele jamais me deixará, assim como nunca deixou de te acompanhar nesses longos meses. Medo do futuro, medo d nunca mais sentir o passado, medo de não estar vivendo o presente. Outros amores surgem, não podemos fugir disso, mas a palavra “insubstituível” sempre fica atravessada na garganta. O amor, definitivamente, nunca me tocará dessa forma. Taí a única certeza que carrego no peito, talvez mais forte que a própria idéia da morte.
Continuo vivendo sem você, tem dias que sorrio, tem dias que choro, tem dias que simplesmente não nada sinto, oca e vazia, mas de qualquer forma continuo sem você e descobri que não posso parar. E mesmo quando paro, a vida dá um jeito de me empurrar e quando vejo estou lá na frente, encontrando você novamente. Ainda não entendo muitas coisas, ainda não vejo muitas coisas (que você me disse que eu veria), ainda não sei responder, ainda não sei o que dizer e como ser, ainda não deixei de pensar em você, ainda não deixei de te amar.
Até porque, mais dia ou menos dia, você vai descobrir (porque eu já estou certa disso faz tempo) que jamais deixamos de amar alguém. Isso por algumas vezes fica guardado, trancado, ora por ternura ora por covardia, é certo que tentaremos matar, sufocar com outros amores. Mas naquele belo dia que encontramos o alvo do nosso amor pela rua e tudo se resume ao olho no olho, todo amor se reafirma e podemos sentir a paixão do primeiro dia.
Parafraseando um poeta qualquer que me aparece em sonhos, uma vida pode ser jogada fora, mas um amor, esse não. Isso porque podemos ter muitas vidas e até mesmo muitas numa só, mas o amor, esse é tão valioso que quando encontrado deveria ser plantado, para que todos pudessem sentir o que sinto por ti. Para que cada um pudesse ter a sensação de viver um sonho, mesmo nessa louca realidade, de poder tocar a felicidade com as duas mãos, de não se importar com mais nada e ver como somente o amor tem a capacidade de amenizar e suavizar a pior dor.
O telefone dá sinal de ocupado, você se foi, mais uma vez. Eu olho a luminosidade noite e todas as lembranças brotam como um turbilhão no fundo da alma. A realidade me dá um tapa no rosto, o sorriso se despede dos lábios frios e volto a caminhar por aí, sozinha. É... Depois de você, sempre sozinha.


-Merlin 

Na Vitrola: Não Vá Embora - Marisa Monte

Infindável

Como posso explicar ficar um dia sem ver você? Horas e horas debruçada em frente ao telefone, olhando minuto sim e outro também para visor, procurando um toque, uma mensagem. Atualizações infinitas da caixa entrada do meu e-mail, a procura de um verso, um sinal de saudade, uma garantia da sua procura. Tento me conectar ao mundo, mas você não abandona meus pensamentos nem por um segundo. Você descobriu o caminho do meu coração, se impregnou na minha pele, na minha essência, eu estou coberta por você.
De repente tudo se põe tão claro que o branco não parece branco. Eu olho para você e enxergo o mundo novo, sem passado ou exigências com futuro, mas com um presente lindo, límpido. Sinto que as palavras tornaram-se meras formalidades entre nós, pois nossos olhos já aprenderam a se comunicar.
Talvez seja exatamente por isso, por tudo isso que tento expressar em palavras sem sucesso, que eu fico sendo atacada por tantas dúvidas infindáveis, infantis, infinitas. É o medo de não ter medo, pois me sinto tão segura ao seu lado, tão firme e pura, sem preocupaçõe. Esqueço o mundo, as pessoas. Eu só vejo o seu olhar penetrante e seu sorriso de menina. Eu só vejo você.
Ontem fui dormir com você ao meu lado, segurava firme em minhas mãos e me fazia juras de amor ao pé do ouvido. Seu cheiro, seu gosto, seu toque, seus afagos, sua respiração, você e todo o seu conjunto agora estão em mim, arraigados no meu espírito. E hoje acordei e vi o sol nascendo e nele enxerguei seu sorriso, sua alegria na minha, meus desejos desaguando nos seus. Ao seu lado meu sorriso foi verdadeiro, como há muito tempo não era sentido, não era vivido.
 Suas palavras de ontem tomaram o rumo da minha alma e me invadiram com uma felicidade que não existe, mas tenho certeza que é minha, aliás, é nossa. E com meus versos tento matar um pouco dessa maldita saudade que me invade o peito todas as manhãs e me acompanha por todas as noites e não se finda nem mesmo quando estou ao seu lado. Quero você, sempre mais e mais. 


-Merlin       

Na Vitrola: Me Odeie - Reação em Cadeia            

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Ecos do Não


O telefone tocou e era ela. Pensei se atenderia. Atendi. Ela falava, mas ainda não saia nada da sua boca. Ela acostumou-se a fugir do que sente e eu a não dizer o que sinto. No entanto, agora quero gritar ao mundo o que bate no meu peito, mas não há mais ninguém sentado na plateia.
O som surge entre o amargo que me tocava o ouvido. Ela diz não, não para mim, mas para o nosso amor. Um amor prematuro que foi abortado antes de se tornar feto. O meu amor é sem graça, sem sal, possui apenas uma única capacidade - ferir.
Ela repetiu tantas vezes que repudiava o meu amor tardio que os ecos dançavam pela minha alma e me acordam todas as noites quando tento sonhar. Eu já não sei a colocação desse “adeus”, já que este embaralhou-se com tantas outras despedidas, mas sinto que este foi o último. Eu sei, ela sabe.
Andei sem rumo, já não sabia onde estava, procurava por mim entre as lágrimas que tomaram como residência meus olhos. Quis transformar o vinho do cálice no sangue que pulsa forte no meu coração e abastece o meu amor, daí beberia a garrafa inteira. Mas a única coisa que ganhei foi a ilusão de tê-la diante dos meus olhos e não poder tocá-la, senti-la em mim.
Agora ela reside nos quatro cantos do meu quarto, no laranja do pôr-do-sol, no branco límpido da lua, no amarelo dos girassóis, no brilho sem esperança do meu olhar, no toque das minhas mãos, em cada parte vibrante do meu corpo, no vermelho inflamado do meu coração, na essência de quem sou. Ela quer ir embora, mas não vai. Confusa, ela erra as palavras, experimenta o silêncio, me presenteia com a dúvida.
Perdida nessa estória, que está sempre disposta a mais uma versão e que foge de um fim, eu corro de mim mesma, fujo de mim mesma, minto para mim mesma. E todas as noites quando fecho os olhos, sinto o cheiro dela acalentar meu espírito, acalmar meu coração e novamente volto a amar. Eu pertenço a ela como as ondas pertencem ao mar, elas vão, mas sempre voltam.

- Merlin
Na Vitrola: Ecos do Ao - Lenine

A Medida Certa


Talvez a verdade seja essa, a loucura me toca e eu já me apoderei dela. Talvez ela seja a única que tenha aberto os braços até hoje, até agora. Talvez eu não esteja mais aqui, talvez eu nunca tenha estado. Talvez tudo soe falso, talvez tudo seja de mentirinha.
Nos apegamos nessa tal realidade para fugir do que realmente temos: sonhos, fantasia, ilusão. Minhas mãos se fecham, mas nada pode ser genuinamente meu, o tempo escorre entre os dedos e eu assisto de pé a vida passar.
Meus pensamentos me atordoam em noites claras, eu fecho os olhos, mas ainda posso ver. Eu olho o espelho da sala, ele está rachado no meio, ele me mostra nua, e eu não gosto do que vejo. Meus defeitos expostos são expulsos por todos os poros, eu tento esconder, mas eles são reluzentes, neon que reflete pela luz que meus olhos já não tem.
A tristeza sente o calor da minha pele tocando suave meu rosto, eu já a conheço, eu sinto. Mas essa maldita saudade sempre vem dilacerando meus pulsos e não me deixa alternativa. Saudade de quem já fui, saudade de quem eu seria, saudade de quem eu poderia ser.
Ela se foi, mas ainda está aqui. Queria ser um super-herói, com poder de manda-la embora da minha cidade, do meu mundo. Mas sinto que como Batman e Coringa, eu sempre teria um novo duelo, então a deixo aqui. E cada um dia mais um corte é feito.
Eu tentei fugir, reagir, sumir, ir, vir, partir e nada consegui. Nada além da mesma dor, da mesma ilusão, o mesmo gosto. O tempo parou, mas na verdade fui eu que congelei, tudo passa e eu permaneço estagnada. A vida me leva com ela, mas eu já desisti de descobri todo resto.
Nada faz sentido, a alegria, a paixão. Seria melhor se todos sentissem a mesma coisa, nada de exaltação ou êxtase, tudo ponderado, medido. Não saberíamos o que é ser feliz, mas no entanto não precisaríamos hospedar a dor e essa abstinência de sentir de novo  gosto do amor.

- Merlin

Na Vitrola: A ponta do Iceberg - Jay Vaquer